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“Se a Europa quiser guerra, estamos prontos”, diz Putin ao rejeitar proposta revisada de plano de paz
Por Enrique Brazil
Publicado em 03/12/2025 09:27
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou nesta terça-feira (2) os pontos adicionados pela Ucrânia e por líderes europeus ao plano de paz elaborado pelo governo de Donald Trump. Em tom duro, Putin acusou a Europa de não buscar uma solução pacífica e afirmou que Moscou está preparada para um confronto direto:

“Se a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora”, declarou.

O plano original dos Estados Unidos continha 28 pontos que, segundo Kiev e a União Europeia, favoreciam excessivamente a Rússia — entre eles, a cessão de cerca de 20% do território ucraniano, a proibição definitiva da entrada da Ucrânia na Otan e a redução das Forças Armadas de Kiev de 900 mil para 600 mil militares.

Segundo Putin, as alterações propostas pelos europeus são “totalmente inaceitáveis”, embora ele não tenha detalhado quais pontos rejeita. A imprensa norte-americana informou que as lideranças europeias tentaram suavizar algumas exigências, como a redução do Exército ucraniano, propondo um efetivo de 800 mil soldados. Os aliados de Volodymyr Zelensky também rejeitam qualquer cessão territorial à Rússia.

A declaração de Putin ocorre em um momento de tensão máxima entre Moscou e a Europa. Incidentes envolvendo drones, avanços russos no campo de batalha e o prolongamento da guerra levaram países da União Europeia a intensificar investimentos militares. Nesta semana, o comandante militar da Otan afirmou que a aliança avalia “ataques preventivos” contra a Rússia para conter ações híbridas — declaração que irritou o Kremlin.

O comentário foi feito durante uma reunião em Moscou com Steve Witkoff, enviado especial dos Estados Unidos, que apresentou a versão atualizada do plano de paz. Após horas de discussão com representantes russos, o Kremlin informou que não houve avanços nas negociações.

Putin reiterou que está disposto a negociar, mas advertiu que, caso a Ucrânia recuse um acordo, as tropas russas continuarão avançando. Ele comemorou, na segunda-feira (1º), a suposta captura de uma cidade estratégica — informação negada por Kiev.

Rússia reivindica tomada de cidade importante no leste da Ucrânia

Enquanto as negociações empacam, Moscou afirma estar avançando no front. Na segunda-feira (1º), o porta-voz Dmitry Peskov anunciou a captura de Pokrovsk, na região de Donetsk, após cerca de um ano de combates. O Ministério da Defesa russo divulgou imagens que mostrariam soldados hasteando a bandeira russa na praça central da cidade.

A Ucrânia, no entanto, não confirma a queda de Pokrovsk. Militares ucranianos disseram à Reuters que ainda mantêm o controle da parte norte, enquanto o 7º Corpo de Reação Rápida relatou ações ofensivas no setor sul, atualmente dominado por forças russas.

Contexto do conflito

 

A invasão russa iniciada em fevereiro de 2022 envolveu dezenas de milhares de soldados e ampliou o conflito que começou em 2014, após a Revolução Maidan e a anexação da Crimeia. Atualmente, a Rússia controla mais de 19% do território ucraniano e, segundo mapas favoráveis a Kiev, avançou em 2025 no ritmo mais acelerado desde os primeiros meses da guerra. A Ucrânia afirma que esses ganhos têm custado pesadas baixas às tropas russas.

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