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5G JÁ COBRE 64% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, MAS APENAS 20% DOS USUÁRIOS TÊM CELULAR COMPATÍVEL
Por Enrique Brazil
Publicado em 04/12/2025 09:17
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A cobertura do 5G avança rapidamente no Brasil, mas o acesso à tecnologia ainda esbarra em um obstáculo central: a falta de aparelhos compatíveis. Dados da Anatel mostram que mais de 2.000 municípios já contam com sinal de quinta geração — que pode ser até dez vezes mais rápido que o 4G —, porém apenas cerca de 20% das linhas móveis utilizam essa conexão.

Ao fim de novembro, quatro anos após o leilão das faixas de frequência, o 5G já alcançava 64% da população brasileira, superando a meta estabelecida para 2027, que era de 57%. Apesar da ampla cobertura, somente 55,1 milhões dos 270,1 milhões de acessos móveis ativos estão de fato conectados ao 5G.

Segundo o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, a principal razão é o preço dos smartphones. “As pessoas continuam comprando aparelhos limitados ao 4G porque são mais baratos. Estamos discutindo com o Ministério das Comunicações como reduzir o custo dos celulares 5G no Brasil”, afirma.

O país possui hoje uma base heterogênea de dispositivos 2G, 3G, 4G e 5G. Ainda assim, Baigorri destaca que a infraestrutura instalada é de altíssimo nível. “A rede está aí, construída, é a mais rápida do mundo”, diz. Estudos da consultoria Opensignal apontam Vivo, Claro e TIM entre as operadoras com maiores velocidades de download do planeta — embora outras métricas, como desempenho em games e estabilidade de cobertura, apresentem variações.

Baigorri credita o avanço à decisão da Anatel de adotar um modelo de leilão não arrecadatório. Em vez de pagar valores diretamente ao Tesouro, as operadoras vencedoras assumiram obrigações robustas de investimento em infraestrutura. O formato, segundo ele, acelerou a expansão e estimulou uma “corrida” entre as grandes empresas por mais cobertura, mais cidades atendidas e mais ofertas comerciais de 5G.

O leilão também abriu espaço para novos players regionais, como Brisanet, Unifique e Copel Telecom, que adquiriram lotes locais e foram beneficiados por um período de transição até 2030, no qual grandes operadoras são obrigadas a compartilhar suas torres para facilitar a entrada dos novos concorrentes.

Outro fator decisivo para o ritmo de implantação foi a antecipação da liberação da faixa de 3,5 GHz — antes usada pela TV via satélite —, hoje responsável pela transmissão do 5G standalone, versão mais avançada e com menor latência. Para o diretor de engenharia da RNP, Eduardo Grizendi, a diversidade de aplicações também impulsiona o setor, especialmente no agronegócio e em redes privativas industriais.

O Ministério das Comunicações afirma que a implementação do 5G no Brasil, iniciada em 2022, é uma das mais rápidas do mundo. Em nota, o ministro Frederico de Siqueira Filho destaca que os avanços são resultado de políticas públicas planejadas e de um ambiente favorável a investimentos. “As empresas entendem que o Brasil é um país atrativo e com uma economia digital em forte expansão”, declarou.

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