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DUA LIPA E ARTISTAS BRITÂNICOS UNEM FORÇAS POR REGULAMENTAÇÃO DA IA
Por Enrique Brazil
Publicado em 13/05/2025 12:16
Música

DUA LIPA E ARTISTAS BRITÂNICOS UNEM FORÇAS POR REGULAMENTAÇÃO DA IA

CARTA ABERTA PEDE PROTEÇÃO A DIREITOS AUTORAIS NA ERA DIGITAL

Mais de 400 artistas do Reino Unido, incluindo nomes de peso como Dua Lipa, Elton John, Paul McCartney, Coldplay, Kate Bush e o ator Ian McKellen, assinaram uma carta aberta exigindo que o governo britânico atualize suas legislações para proteger a criatividade humana diante do avanço da inteligência artificial.

O documento, endereçado ao primeiro-ministro Keir Starmer e divulgado em maio de 2025, faz um apelo urgente por maior transparência e regulação no uso de conteúdos criativos por sistemas de IA, especialmente no que diz respeito ao treinamento desses modelos com obras protegidas por direitos autorais.

“Estamos profundamente preocupados com a ameaça existencial que uma IA não regulamentada representa para a música, o cinema e todas as formas de arte criativa”, afirma a carta.

A POLÊMICA: QUEM TREINA A IA COM O QUÊ?

No centro do debate está o uso, sem consentimento, de músicas, roteiros, livros e interpretações artísticas para treinar modelos generativos de IA. Os artistas apoiam uma emenda ao projeto Data (Use and Access) Bill, proposta pela baronesa Beeban Kidron, que obrigaria as empresas a divulgarem exatamente quais obras foram utilizadas nesse processo.

“A criatividade humana precisa de proteção — não apenas para os grandes nomes, mas para todos que vivem de sua arte”, reforçou Kidron em entrevista ao Financial Times.

UM SILÊNCIO QUE GRITA

Como forma de protesto simbólico, mais de mil músicos britânicos lançaram o álbum Is This What We Want?, composto por faixas silenciosas. A proposta é simples, mas poderosa: denunciar a apropriação de dados criativos — até mesmo do silêncio — por tecnologias que operam sem transparência ou consentimento.

JURISPRUDÊNCIA NOS EUA E O PESO DAS DECLARAÇÕES

Nos Estados Unidos, o Escritório de Direitos Autorais já declarou que obras criadas exclusivamente por inteligência artificial não são passíveis de copyright — salvo quando houver contribuição humana substancial. Em março de 2025, um tribunal federal norte-americano reafirmou essa diretriz ao negar proteção legal a imagens geradas apenas por IA.

“A autoria humana continua sendo o pilar do direito autoral”, declarou Shira Perlmutter, ex-chefe do Copyright Office dos EUA.

VOZES DE PESO NA LUTA

A mobilização também ganhou rostos e vozes conhecidos. Elton John criticou duramente a atuação das big techs:

“É inaceitável que empresas de tecnologia explorem nossa música sem sequer pedir permissão. Estamos falando da essência do nosso trabalho”, disse ao The Guardian.

Já Paul McCartney enfatizou o caráter emocional da arte:

“Arte não é só dado. É emoção, é vida. Não podemos deixar que algoritmos apaguem as nossas histórias.”

UM NOVO CAPÍTULO NA LUTA PELOS DIREITOS AUTORAIS

A pressão crescente por regulação marca um ponto de virada na relação entre tecnologia e cultura. Os artistas deixaram claro: não aceitarão passivamente que suas criações sejam usadas sem reconhecimento, compensação ou controle.

A discussão transcende fronteiras e lança luz sobre uma pauta urgente: como equilibrar inovação tecnológica com o respeito à criatividade humana. Em meio ao avanço acelerado das inteligências artificiais, o chamado é claro — a arte pede socorro, e o mundo precisa ouvir.

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