O presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), Claudio Bier, afirmou que a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, anunciada na quarta-feira (5), impõe novamente um custo elevado ao setor produtivo.
“A indústria gaúcha tem enfrentado sucessivos desafios, agravados pelas restrições ao crédito e à atividade econômica”, destacou Bier. Ele lembrou que, segundo a pesquisa Sondagem Industrial da Fiergs, os juros altos foram apontados como o terceiro principal entrave ao desempenho do setor no terceiro trimestre deste ano.
Para o empresário, a redução sustentável da taxa de juros depende de um compromisso efetivo do governo com a responsabilidade fiscal, capaz de restabelecer a confiança dos agentes econômicos e criar um ambiente mais favorável ao investimento, à produção e ao emprego.
Bier avaliou ainda que a decisão do Copom reflete a persistência de um cenário de incerteza no país, marcado por pressões fiscais, inflação acima da meta e riscos externos significativos.
Fecomércio-RS vê cautela do Banco Central diante de incertezas
O presidente da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul), Luiz Carlos Bohn, também comentou a manutenção da Selic em 15% ao ano.
Segundo ele, a decisão não surpreende, mesmo com a inflação recente mostrando comportamento mais favorável e com as expectativas em queda. “A inflação ainda está fora da meta no horizonte relevante, e, apesar dos sinais de desaceleração da economia e da estabilização do mercado de trabalho, o Banco Central adota uma postura prudente, o que deve manter os juros elevados por um período prolongado”, afirmou.
Bohn acrescentou que o cenário internacional de alta incerteza reforça a estratégia de cautela da autoridade monetária. “Temos reiterado que é urgente promover uma redução estrutural da taxa de juros no país, o que só será possível com uma mudança na dinâmica dos gastos públicos. O aumento das despesas tem pressionado a inflação, elevado os juros de curto prazo e contribuído para o avanço insustentável da dívida pública, com reflexos negativos sobre os juros de longo prazo”, concluiu.