Lançado pelo governo do Rio Grande do Sul no final de setembro, o programa “SUS Gaúcho” tem como prioridade reduzir em até 70% ainda neste ano as maiores filas de consultas eletivas especializadas no Estado. A ação inicial será voltada para as áreas de oftalmologia geral para adultos e ortopedia de joelho, que juntas somam mais de 110 mil pacientes à espera de atendimento.
A iniciativa integra um conjunto de medidas voltadas à qualificação e à ampliação da rede pública de saúde, com previsão de investimento superior a R$ 1 bilhão até 2026.
“Temos prestadores habilitados pelo Programa Assistir, com incentivo nas áreas de oftalmologia e traumato-ortopedia, e eles estão sendo chamados a aderir a esse novo modelo de serviço estratégico, focado na redução de filas”, explica Lisiane Fagundes, diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Segundo ela, os prestadores que aderirem irão ampliar a oferta de atendimentos de acordo com a capacidade operacional e a demanda regional de cada especialidade. A expectativa é de que os serviços comecem a ser prestados ainda neste mês.
Atualmente, dados da SES indicam que a fila para oftalmologia geral de adultos ultrapassa 94 mil pacientes, enquanto a de ortopedia de joelho já soma mais de 18 mil. Para enfrentar o problema, o governo gaúcho prevê investir R$ 175 milhões ainda em 2025 e outros R$ 180 milhões em 2026.
Estratégias
Além do reforço na oferta de consultas, o Estado tem adotado estratégias de descentralização, por meio de parcerias com consórcios regionais de saúde e com o TelessaúdeRS.
“O SUS Gaúcho também busca integrar a gestão da SES às estruturas dos consórcios e ao Telessaúde, ferramentas fundamentais de apoio”, destaca Suelen Arduin, diretora do Departamento de Regulação da Secretaria.
Ela lembra que, nos 12 meses até setembro, houve uma redução de 10,28% nas filas de consultas especializadas, resultado atribuído a iniciativas como os programas “SER Mulher”, “TEAcolhe” e “Saúde 60+”.
“Com o uso do Gercon (Sistema de Gerenciamento de Consultas do SUS) e da fila única, conseguimos visualizar o paciente em todo o Estado, priorizando os casos por critérios clínicos e tempo de espera. Isso trouxe mais transparência e objetividade à regulação”, ressalta.
O plano do governo para 2026 prevê a ampliação das estratégias, incluindo especialidades como otorrinolaringologia, urologia, cirurgia geral e dermatologia, além de recursos para transporte sanitário, garantindo maior acesso dos pacientes aos serviços.
Ações até o fim do ano
Além do foco na redução das filas, o “SUS Gaúcho” prevê ainda para este ano uma série de medidas, baseadas na regionalização, contratualização estratégica e regulação transparente. Entre as principais estão:
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Aumento de 40% no valor das portas de entrada hospitalares, beneficiando 196 hospitais e fortalecendo os atendimentos de urgência e emergência;
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Atualização do custeio das UPAs 24h, abrangendo 38 unidades em 34 municípios, com reforço em traumato-ortopedia;
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Novo incentivo para 26 pronto atendimentos municipais 24h, com repasses entre R$ 30 mil e R$ 50 mil mensais, conforme a demanda;
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Cofinanciamento para transporte sanitário eletivo intermunicipal, contemplando 488 municípios e reduzindo faltas em consultas;
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Expansão da atenção domiciliar, com incentivo a 69 equipes já existentes e financiamento para 20 novas;
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Atenção à pessoa com deficiência, com fornecimento de coletes para escoliose, beneficiando 75 pacientes por mês;
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Reabilitação física, com 18 novos serviços de referência para distribuição de cadeiras de rodas e muletas;
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Ambulatório de feridas, oferecendo atendimento multiprofissional a 480 usuários por mês;
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Saúde mental comunitária, com a criação de 60 equipes multiprofissionais em municípios de até 15 mil habitantes em situação de vulnerabilidade;
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Aumento nos incentivos para UTIs e UTIs de queimados, cobrindo 855 leitos em 28 hospitais e 15 leitos especializados em um hospital;
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Reforço financeiro a 33 hospitais públicos municipais, com base em taxa de ocupação e resolutividade, além de aumento de 50% nos repasses a 12 hospitais de pequeno porte.